Avaliação nutricional longitudinal de uma população infectada pelo vírus da imunodeficiência humana

Resumo

Partindo do pressuposto que as alterações na composição corporal nos indivíduos infectados pelo vírus da imunodeficiência
humana (VIH) são precoces, silenciosas e independentes do estadio da doença, foram avaliados numa população de portadores
assintomáticos do VIH 1 (estadios A1 e A2 dos Centers for Disease
Control and Prevention - CDC) parâmetros antropométricos como
o índice de massa corporal, laboratoriais como a albumina e de
composição corporal, através de análise bioeléctrica de impedância, durante dois anos com o objectivo primário de documentar
alterações nutricionais precoces e secundário de as relacionar
com eventos significativos no curso da doença VIH/SIDA.
Foram recrutados 42 doentes, dos quais 35 completaram
o estudo. Dos parâmetros estudados, a variação entre o valor
basal e o final foi estatisticamente significativa para a contagem
de linfócitos CD4, para a albumina sérica, para o ângulo de fase
e para a razão massa extracelular/massa celular corporal, não o
sendo para o índice de massa corporal, para a massa magra e
para a massa celular corporal.
Os 35 doentes foram divididos em 2 grupos, conforme tenham
sofrido ou não evento definidor de SIDA, e entre eles não foram
encontradas diferenças significativas.
Conclui-se que, independentemente do estadio e da progressão da infecção, a avaliação sistemática e precoce do estado
metabólico-nutricional dos doentes permite detectar alterações
na composição corporal antes de estas se evidenciarem por
métodos como a pesagem ou a determinação de parâmetros
bioquímicos.