Hepatite isquémica em Cuida­dos Intensivos

Autores

  • I. Medeiros Interna do Internato Complementar de Gastrenterologia do Hos­pital de Santo António dos Capuchos
  • C. Sousa Interna do Internato Complementar de Gastrenterologia do Hos­pital de Santo António dos Capuchos
  • A. Ramos Assistente Hospitalar de Medicina Interna do Hospital do Des­terro
  • J. Rola Assistente Hospitalar Graduado de Medicina Interna do Hos­pital do Desterro
  • M. J. Serra Assistente Hospitalar Graduado de Medicina Interna do Hos­pital do Desterro
  • E. Silva Assistente Hospitalar Graduado de Medicina Interna do Hos­pital do Desterro

Palavras-chave:

hepatite isquémica, enzimologia hepática, lesão isquémia-reperfusão

Resumo

A hepatite isquémica é uma complicação clínica e laboratorial, observada em Cuidados Intensivos, associada a situações de hipotensão grave e/ou hipoxemia. Caracteriza-se pela elevação rápida e marcada das aminotransferases séricas, com "pico" nas primeiras 12-24 horas, seguida de normalização, igualmente rápida, geralmente nos 10 dias seguintes. Os autores estudaram retrospectivamente, numa Unidade de Cuidados Intensivos de nível III, a prevalência, características clínicas e evolução desta entidade, avaliando da sua influência no prognóstico do doente.

Procedeu-se à avaliação dos seguintes parâmetros, no período de 5 dias antes do atingimento do valor máximo das aminotransferases: hemoglobina, ácido láctico, pH sérico e paO2.

Registou-se o valor máximo e dia de normalização da alaninoaminotransferase ( ALT), aspartato­ aminotransferase ( AST), desidrogenase láctica (LDH), bilirrubinas, taxa de protrombina e creatinina.

Considerou-se o diagnóstico de hepatite isquémica na presença de elevação da AST ou ALT igual ou superior a 10 vezes o valor de referência.

Num período de 5 anos e 3 meses, preencheram os critérios definidos de hepatite isquémica 40 doentes - prevalência 2,8% {23 do sexo masculino, 17 da sexo feminino, com idade média de 64,9 anos). A hepatite isquémica surgiu em doentes com Índices de Gravidade (APACHE II e SAPS I) e cargas de trabalho (TISS) elevadas.  A hipoxemia  e a hipoperfusão determinaram elevações enzimáticas e, no caso da hipoperfusão, diminuição da taxa de protrombina. Dos parâmetros estudados, a taxa de protrombina foi o único a mostrar relação com a mortalidade.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Gibson PR, Dudley FJ. Ischemic Hepatitis: Clinical Features, diagnosis and prognosis. Aust NZ J Med 1984;14: 822-825.

Rawson JS, Achord JL. Shock tiver. South Med J 1985, 78 (12): 1421-1425.

Cellarier G. Bonal J, Bouchiat C. Talard P, Dussarat GY. Foie ischemiqueaigu. Presse Med 1995; 24 (31): 1418-1420

Mohacsi P, Meier B. Hypoxic hepatitis in patients with cardiac failure. Journal Hepatology 1994, 21· 693-695.

Henrion J, Descamps O, Luwaert R. Schapira M, Parfonry A, Heller F. Hypoxic hepatitis in patients with cardiac failure: incidence in a coronary care unit and measurement of hepatic blood flow. Journal Hepatology 1994; 21. 696-703.

Casanova P, Santos RM, Porto A. Hepatite lsquémica na Insuficiência Cardíaca: Estudo retrospectivo de 7 casos. GE-Jornal Português de Gastrenterologia 1995; 2: 87-91.

Carmody TJ, Wcrgowske GL. Tabesh E. Shock liver. Case report with long term survival. Am J Med 1984; 76 (4): 743-744.

Aloy-Duch A, Mauri-Pont M, Garcia-Restoy E, Llebot-Serna JJ. Hepatitis isquémica: descripción de 11 casos. Rev Clin Esp. 1988; 183 (5). 255-258.

Henrion J, Luwaert R, Colin L, Schmitz A, Schapira M, Heller F R. Hépatite Hypoxique: Étude prospective, clinique et hémodynamique de 45 épisodes. Gastroenterol Clin Biol 1990; 14: 836-841

Leslie BR, Head LH, Scharfenberg JC. Ischemic hepatitis from aortic dissection (letter) Ann lntern Med 1989; 15; 110 (6):

Barcena MR, Dominguez A, Oteo L, Ruiz dei Arbol L. Garcia F, Gil L, Pacheco A, Moreno A. Hepatitis isquemica, secundaria a insuficiencia ventricular izquierda. Rev Esp Enferm Apar D1g 1982; 62 ( 1) 39-42.

Larsen JC, Pedersen NT, Wahlin A. Liver shock and encephalopathy in an amateur runner. Ugeskr-Laeger 1984, 147

(1) 23-24.

Gutknecht J, Larrey D, Ychou M, Fedkovic Y, Janbon C. lschemic hepatique grave apres prise de cibenzoline. Ann Gastroenterol Hepatol Paris 1991; 27 (6): 269-270.

Mathurin P, Durand F, Ganne N, Mollo JL, Lebrec D, Degott C. Erlinger S. Benhamou JP, Bernuau J lschemic hepatitís due to obstructive sleep apnea Gastroenterology 1995; 109 ( 5): 1682-1684

Sidhartha T. Yoshil'umi Y. Ziwci W ct ai: Hypoxia-reoxygenation is as damaging as isd1,mia-repcrfusion in the rat liver. Crit Care Med 1998. 26 1089-1095.

Hickman PE. Potter JM. Mortality associated with ischemic hepatitis. Aust NZ J Med 1990: 20:32-34.

Shibuya A, Unuma T, Sugimoto T. Yamakado M, Tagawa H. Tagawa K. Tanaka S, Takanashi R. Difuse Hepatic Calcification as a Sequela to Shock Liver. Gastroenterlogy 1985: 89 ( 1 ): 196-201

Alvarez J M, Ruiz H S, Estevez J 1. Disfunción hepática en el paciente critico. Med Intensiva 1997: 21 66-73

Gitlin N, Serio K. lschemic Hepatitis: widening Horizons. Am J Gastroenterol 1992. 87 (7): 831-836.

Cass1dy WM, Reynolds TB. Serum lact1c dehydrogenase in the differential diagnosis of acute hepatocellular injury. J-Clin­ Gastroenterol 1994: 19 (2): 118-121

Novel O, Henrion J, Bernuau J, Degott C, Rueff B. Benhamou J. P Fulminant Hepatic Failure due to Transient Circulatory Failure in Patients with Chronic Heart Disease. Dig Dis Sci 1980: 25: 49-52

Ficheiros Adicionais

Publicado

31-12-1999

Como Citar

1.
Medeiros I, Sousa C, Ramos A, Rola J, Serra MJ, Silva E. Hepatite isquémica em Cuida­dos Intensivos. RPMI [Internet]. 31 de Dezembro de 1999 [citado 4 de Dezembro de 2024];6(4):230-6. Disponível em: https://revista.spmi.pt/index.php/rpmi/article/view/2082

Edição

Secção

Artigos Originais

Artigos Similares

Também poderá iniciar uma pesquisa avançada de similaridade para este artigo.

Artigos mais lidos do(s) mesmo(s) autor(es)