Cetamina em Cuidados Paliativos Oncológicos: Um Desafio Experiência de um Serviço
DOI:
https://doi.org/10.24950/O/280/19/1/2020Palavras-chave:
Cetamina, Cuidados Paliativos, Gestão da DorResumo
Introdução: A cetamina é um fármaco anestésico dissociativo com propriedades analgésicas e anti-depressivas em doses sub-anestésicas. Pode ter um impacto significativo como adjuvante analgésico na dor não controlada com opióides.
O objectivo deste estudo foi analisar o uso da cetamina em contexto paliativo oncológico.
Material e Métodos: Estudo retrospectivo incluindo doentes internados num serviço de Cuidados Paliativos sob terapêutica com cetamina, durante 30 meses.
Resultados/Discussão: Analisados 20 doentes, com medi- ana de idades de 54,5 anos. A cetamina foi usada como adju- vante analgésico em 18, e em 2 no tratamento da depressão. Dos 18, todos referiam dor máxima (10) e 22% apresentava sinais de toxicidade opióide; 73% apresentava dor mista. Foram tratados com a dose mediana de opióide equivalente a 422,5 mg/dia de morfina oral. A dose mediana de cetamina foi 80 mg/dia, intravenosa ou subcutânea contínua, em 90% dos doentes. Verificou-se alívio da dor em 70%, em média ao fim de 4,8 dias. A dose de opióide diminuiu em 12% dos doentes e o número de doses de resgate em 53%. Todos receberam neurolépticos, com ou sem benzodiazepinas. Os efeitos psicomiméticos num doente obrigaram à sua suspensão. Os doentes com depressão apresentaram melhoria do humor como resposta principal à cetamina.
Conclusão: Os resultados do estudo sugerem eficácia da cetamina em doses sub-anestésicas no controlo da dor oncológica refractária, parecendo uma opção terapêutica promissora em doentes com dor oncológica de difícil con- trolo. Sendo, no entanto, a evidência científica insuficiente, é necessária mais investigação para definir o papel da cetamina em Cuidados Paliativos.
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