Hiperactividade plaquetária e hipofunção do sistema fibrinolítico na hipertensão arterial

Autores

  • António Pedro Machado Assistente Hospitalar de Medicina Interna, Serviço de Medicina I do Hospital de Santa Maria
  • Paula Alcântara Interna do Internato Complementar de Medicina Interna, Serviço de Medicina I do Hospital de Santa Maria

Palavras-chave:

hipertensão arterial, agregação plaquetária, fibrinólise, acidente vascular cerebral, enfarte do miocárdio

Resumo

Diversas têm sido as razões apontadas para ex­plicar o relativo insucesso da terapêutica anti-hi­pertensiva na prevenção das complicações ateros­ cleróticas da hipertensão arteria nomeadamen­te o enfarte do miocárdio. A diminuição dos valo­res tensionais mostrou prevenir as complicações mecânicas ou hipertensivas, mas, contrariando as expectativas geradas pelos estudos epidemiológicos, não preveniu o enfarte do miocárdio como seria de esperar e não é claro o seu real impacto na prevenção dos acidentes vasculares cerebrais isquémicos, complicações ateroscleróticas da hi­pertensão, dependentes de fenómenos trombóticos estreitamente relacionados com a função endote­lia agregação plaquetária, sistema fibrinolítico e coagulação.

Na última década demonstrou-se a existência de hiperactividade plaquetária e depressão da fibri­nólise como disfunções intimamente associadas à hipertensão, que aparecem não com uma relação de causalidade, mas como marcadores indepen­dentes desta.

A normalização da pressão arterial com diuré­ticos e beta-bloqueadores, principais fármacos utilizados nos grandes ensaios, não se acompa­nhou da normalização daquelas disfunções, per­mitindo que factores responsáveis pela aterogé­nese e trombogénese continuassem a actuar.

O aparecimento de novas classes de anti-hiper­tensores, que normalizam a hiperactividade pla­quetária e a depressão da fibrinólise, permite-nos questionar se com a sua utilização será possível prevenir as complicações ateroscleróticas da hi­pertensão arterial.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

l. Kaplan. Clinicai Hypertension 1986; 4'h Edition: 136

Collins R. Peto R 1facmahon S, er al. Blood pressure, stroke and coronary heal1 diseasc. Part 2. Short-term reductions in blo­ od pressure: overview of randomized drug triais in their epi­ demiological context. Lancet 1990; 335: 827-838.

Russel RW. How does blood pressure causes stroke' Lancet 1975: 2:1283-1285.

Dustan HP. Athcrosclerosis complicating chronic hypertension.

Circulation 1984; 50: 871-879

'i. Franco AS, Ferro], Monteiro], Paiva MF, Mota E, Nogueira da Costa

J. Acidente vascular cerebral e hipertensão: aspectos cardioló­ gicos e neurológicos. Rev P011 Cardiol 1989; 8(5):377-83.

ô. Franco AS. Freitas A, Monteiro], Ferreira D, Machado AP, Noguei­ ra JB. Mota F. ,r,,,;ogucira da Costa J. Accidente vascular cere­ bral como manifestación de enfermedad sistémica. Valoraci­

ón de la cardiopatia suhyaccnte. Rev Lat Cardiol 1987; 8(5)32'i-33í

Santos 'VI. Gonçalves F. tóhrega.J, Kascimento L. Ravara L. [nsu­ ficiência cardíaca num serviço de 'Vledicina Interna: Fstudo retrospectivo. Acta Med Port 1991: li série. vol •Í, nº 1: 43-49.

Saa·edra.JA. Porque é que o tratamento da hipe11ensào nào evita a doença coronária' in: lsquémia. Abordagem multidiscipli­ nar da fisiopatologia :1 clínica. Editores: Carlos Ribeiro, Luís Silva Carvalho. J Braz :ogueira. Keo Farmacêutica, Lisboa, 1992.

Zanchetti A. I las antihypertensive trcatment prevented vascular disease or vascular events. J Cardiovasc Pharmacol 1992: 19 (suppl 3) 1-5.

O. Cole FM. Yates PO. Comparative incidence of cerehrovascular lcsions in nonnotensive and hype1tensive patients. Neurolo­ gy 1%8: 18: 2'i'i-2'i9.

Fisher CM. Cerebral milia,y aneurysms in hypertension. Am J Pathol 1972: 66: 313-24.

Johanssen BB. Vascular mechanisms in hypertensive cerebrovascular disease. J Cardiovasc Pharmacol 1992: 19(suppl3): 11-15.

Falk E. Unstable angina with fatal outcome: Dynamic coronary thrombosis leading to infarction and/or sudden death: autop­sy evidence of recurrent mural thrombosis with periferal em­bolization culminating in total vascular occlusion. Circulation 1985; 71: 699-708.

Bini A, Fenoglio JJ, Mesa-Tejada R, Kudryk B, Kaplan KL. Identi­fication and distribution offibrinogen, fibrin and fibrin(ogen) degradation products in atherosclerosis 1989: 9: 109-121.

Ross R. The pathogenesis of atherosclerosis: a perspective for the 1990s. Nature 1993; 362: 801-809.

Harker LA, Ritchie JL. The role of platelets in acute vascular events. Circulation 1980; 62:(suppl V): V13-Vl8.

Nyrop M, Zweifler AJ. Editorial revew: Platelet aggregation in hypertension and the effects of antihypertensive therapy. J Hypertens 1988; 6(4): 263-269.

Jslim IF, Beevers DG, Bareford D. The effect of antihypertensive drugs on in vivo platelet activity in essencial hypertension. J Hypertens 1992; 10: 379- 383

Zannad F. Bray-Desboscs L, Ghawi R, Donner ;, Thibout E. Stoltz JF. Effects of lisinopril and hydrochlorothiazide on platelet function and blood rheology in essencial hypcrtension: A randomly allocated double-blind study. J Hypertens 1993: 11: 559-565.

Uehara S, Handa 11, Hirayama A. Effects of the calcium antago­nist nifedipine on thromboxane B2 level and plateler aggre­gation in hypertensive patients. Drug Res 1986: 36 (II): 1687-1689.

Osmialowska Z, Nartowicz-Stoniewzka M, Stominski JM, Krupa - Wojdechowsb B. Effect of nifedipine monotherapy on pla­telet aggregation in patients with untreated essential hyper­ tension. Eur) Clin Pharmacol 1990; 39: 403-404.

Ficheiros Adicionais

Publicado

30-09-1994

Como Citar

1.
Machado AP, Alcântara P. Hiperactividade plaquetária e hipofunção do sistema fibrinolítico na hipertensão arterial. RPMI [Internet]. 30 de Setembro de 1994 [citado 21 de Maio de 2024];1(3):184-8. Disponível em: https://revista.spmi.pt/index.php/rpmi/article/view/2470

Edição

Secção

Artigos de Revisão

Artigos mais lidos do(s) mesmo(s) autor(es)